sexta-feira, 29 de maio de 2009

Música gospel conquista Brasil

08/07/2008

O termo Gospel tem as suas origens na língua inglesa, e deriva de “God-spell", que significa "boas novas". A expressão é uma alusão à chegada de Cristo ao mundo, e disseminou-se na comunidade protestante negra americana, no começo do século passado. A origem deste estilo musical está nas músicas carregadas de tristeza cantadas por escravos negros norte-americanos ainda no século XIX. O estilo ganhou força entre os membros de igrejas protestantes negras nos EUA, no começo do século XX.

Cem anos depois, o termo abrange numerosos gêneros musicais cuja característica comum é o conteúdo das letras, que tratam de temas religiosos que engradecem o nome de Deus, sob a óptica cristã protestante. Segundo a professora Magali Cunha, da Universidade Metodista de São Paulo, “nos anos 2000, a música Gospel, nos EUA e no Brasil, passa a ser sinônimo de música contemporânea cantada nas igrejas”.

A professora diz que, nos últimos dez anos, houve um aumento significativo no número de bandas existentes no Brasil. Os gêneros musicais usados pelos grupos também se diversificaram.

Segundo ela, esta expansão acontece por duas razões: “Por um lado, houve um aumento significativo do controle de meios de comunicação por parte de grupos evangélicos. Por outro, nos últimos quinze anos, os cristãos se tornaram um segmento de mercado, que atraiu numerosas empresas, entre elas, várias do mercado fonográfico, que no Brasil é o mais aquecido”, explica.

Atualmente, o segmento da música gospel é o segundo que mais vende no Brasil, atrás apenas do pop-rock, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Disco (APBD), que reúne as maiores companhias fonográficas brasileiras.

Em 2005, último ano em que há dados disponíveis, as vendas de discos gospel movimentaram cerca de 15 milhões de euros, quase oito por cento do total de 224,8 milhões de euros gerados pela venda de discos no país. Em 2006, segundo a mesma associação, a venda em geral caiu quase 28% no país, por causa da pirataria. No entanto, acredita-se, que o mercado gospel tenha sido o menos afetado.


Fonte: Jornal A Hora Online

sábado, 23 de maio de 2009

A origem do Rock Cristão

O Rock Cristão surgiu nos meados dos anos 60, acompanhando as tendências musicais dos anos 60 e o movimento Hippie. Muitos dos primeiros grupos eram integrantes do Jesus Movement, movimento que surgiu no rastro da contra-cultura hippie e que buscava oferecer uma perspectiva de vida cristã aos jovens desestimulados com as propostas de paz e amor baseados em drogas e sexo livre.

As primeiras bandas foram mal recebidas pelas igrejas protestantes, pois o Rock era tido como "música do diabo" e associado com um comportamento socialmente repreensível.

Com o tempo a música foi ganhando credibilidade por, entre outros motivos, ser meio de aproximação dos jovens ao cristianismo.

A partir dos anos 1980 as bandas do Rock cristão foram gradualmente se contextualizando e angariando uma aceitação do público protestante cada vez maior. Começaram a atrair o interesse da mídia e de gravadoras seculares, conseguindo grandes contratos, maior exposição e sucesso internacional. Muitas bandas novas surgiram e continuam surgir, consolidando o gênero e dissociando-o cada vez mais do seu ambiente eclesiástico original.

fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rock_crist%C3%A3o

domingo, 17 de maio de 2009

Uma análise da música gospel brasileira

Quando era criança, ser evangélico era ser estranho. Muitas vezes, motivo de piada e de vergonha. Somente na adolescência externei minha religiosidade ao grande público, mesmo assim, era complicado ser rechaçado por não beber, ser virgem e não “ficar” com as garotas do colégio. Contudo, ao exemplo dos mártires da bíblia, me sentia fortalecido em minha fé. Músico precoce aprendi tocar piano e violão, estudando, aos 11 anos já era titular dos cultos de quarta feira na bateria. Ser músico também implica em uma série de esquisitícies. Já não gostava das músicas da época e me trancafiava num passado cultural que mais me aprazia. Gostava de música negra, blues, jazz e principalmente funk. Nada a ver para um garoto de 14 anos. Num curto processo de volta ao tempo vou discorrer sobre a música evangélica no Brasil, sob minha ótica não pretendendo esgotar o tema nem mesmo dar veredítos.

O cenário da música evangélica que enchergava em São Paulo nos anos 80 era composto por grupos como o Grupo Elo, depois o Grupo Logus, Tio Cássio e Adhemar de Campos. Eram essencialmente grupos de louvor, não atingiam o público extra-eclesiástico. Nos anos 90 surgiram coisas interessantes e o termo Gospel trazido pela igreja dos hoje reclusos apóstolos milhonários da Renascer em Cristo facilitou as coisas. Bandas de rock gospel dominavam a cena e com um foco mais evangelístico alcançavam jovens de fora da igreja. Neste momento Resgate, Oficina G3, Ketsbarnéa, Troad, Atos 2, Fruto Sagrado e mais alguns despontavam. Havia a rádio monopólio da Renascer. Num cenário um pouco distinto, da igreja Pedra Viva saía a Banda Rara, essa sim, me influenciou de verdade. Com o black paulista ela liderou um movimento que floresceu anos depois. Houve um período de estagnação e alguns grupos cariocas faziam grande sucesso. Até que a Aline Barros apareceu na Xuxa.

Considero esse um evento importante no cenário evangélico. Não havia ainda um ícone do Gospel no Brasil. Não haviam vendagens exorbitantes. Nesta nova fase, as bandas de rock evangelístico perderam seus espaçoes e grandes grupos de louvor voltaram a tona, mas desta vez, com status de pop stars. Milhões de CDs vendidos e muito dinheiro envolvido começou acontecer. Diante do trono, Logoinha, Casa de Davi, Toque no Altar entre tantos outros, tudo isso se fundiu num estilo chamado de “Adoração”. Foi nesse período que surgiu o Renascer Praise, a pseudo-banda da Renascer que rankeava o primeiro lugar das mais pedidos em sua rádio durante todo o ano. O lance virou profissional. Os músicos eram contratados e sempre os melhores. Todos queriam fazer “Adoração”. Ron Kenolly e Alvim S. eram traduzidos discaradamente em Cds da Comunidade da Graça e daí para o Brasil. Um ponto importante neste período foi a chegada dos CDs do Marcos Witt. Como eram em espanhol, era fácil de traduzir. Esse movimento pasteurizou a música cristã e criou reverência por alguns artistas que chegam a cobrar, até hoje, cachês de R$ 500.000,00. Soraya Moraes, Aline Barros, André e Ana Paula Valadão constituíram verdadeiros impérios.

O rock perdeu sua força mas ainda existiam bandas de pop-rock que conseguiam tocar nas rádios. O Catedral fez muito sucesso mas teve sua carreira manchada por misturar música gospel com música do “mundo”, usando a terminologia igrejeira. Crentes não gostam dessa mistura, pra mim, é hipocrisia.

Ramificando da era Banda Rara, ainda no Pedra Viva, Maurilio Santos, Robson Nascimento e o Just Sing Choir vivificavam a black gospel. Já havia o rap de APC e DJ Alpiste. O primeiro CD do Just Sing Choir com o Robson Nascimento mudou muita coisa também. A partir daí começou-se ouvir gente que estava calada em suas igrejas. O black começou ganhar força com o Quarteto Feeling e o estilo tornou-se popular. Templo Soul, Soul Dream, Raiz Coral e muita, mas muita gente que faz melisma e vocalizes exagerados lançou CDs embalados no sucesso internacional de Kirk Franklin e Fred Hammond.

Chegamos nos dia de hoje e a referência internacional vem da Austrália, é o Hill Song de Darlene. O Pop-Rock tem espaço com bandas que misturam o estilo “Adoração” com o pop-rock. David Quinlan, Fernandinho, André Valadão participam deste filão.

O estilo “Adoração” é a música das massas, levam milhões para estádios e está disputadíssimo, eu já não sei quem canta o que, pois são muito parecidos. Um certo olhar de superioridade pode ser observado pelos personagens deste segmento.

O Black está na panela também. Virou um purê. Tem muita coisa, muita coisa boa, mas muito exagero, principalmente no visual e nos vocais e muita cópia. Discaradamente copiam-se levadas e batidas. Perdeu-se um pouco a musicalidade para a técnica. Mas é bom que tenha black vivo e crescendo ainda hoje.

Existem muitos cantores solos. Marquinhos Gomes, Mattos Nascimento (esse é das antigas) e alguns outros tantos que fizeram e fazem relativo sucesso. Também há personalidades que se tornaram cristãs, Mara Maravilha, Andréa Sorvetão, Sula Miranda, Nelson Ned e alguns outros.

Neste cenário, gente como eu, que pensa num estilo menos popular ou que quer fazer algo diferente não consegue muito sucesso, são cantores de mpb, bossa nova, dance music gospel, samba, reaggae … enfim, fora da baciada.

Vou lançar meu CD e não quero ser artista, apenas pretendo fazer música, coisa que já faço desde que nasci. Espero não estar rotulado antes mesmo de nascer.


fonte: http://ericgallardo.wordpress.com/2007/10/20/uma-analise-da-musica-gospel-brasileira/

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Alceu Valença - O Nordeste plugado na tomada

O cantor e compositor Alceu de Paiva Valença nasceu em 1º de julho de 1946, em São Bento do Una, nos limites do sertão com o agreste pernambucano. É considerado um artista que atingiu maior equilíbrio estético entre as bases musicais nordestinas com o universo dos sons elétricos da música pop. Influenciado pelos negros maracatus, cocos e repentes de viola, Alceu conseguiu utilizar a guitarra, - que chegou a galope montada nas costas do rock'n'roll de Elvis - com baixo elétrico e, mais tarde, com o sintetizador eletrônico nas suas músicas.Por conta disso, conseguiu dar nova vida a uma gama de ritmos regionais, como o baião, coco, toada, maracatu, frevo, caboclinhos e embolada e repentes cantados com bases rock'n'roll. Sua música e seu universo temático são universais, mas a sua base estética está fincada na nordestinidade.O envolvimento de Alceu com a música começa na infância, através dos cantadores de feira da sua cidade natal. Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Marinês, três dos principais irradiadores da cultura musical nordestina, foram captadas por ele pelos nostálgicos serviços de alto falantes da cidade. Em casa, a formação ficou por conta do avô, Orestes Alves Valença, que era poeta e violeiro. Aos 10 anos vai para Recife, onde mantém contato com a cultura urbana, e ouve a música de Orlando Silva, Dalva de Oliveira alternado com o emergente e rebelde ritmo de de Little Richard, Ray Charles e outros ícones da chamada primeira geração do rock'n'roll.Recém-formado em Direito no Recife, em 69, desiste das carreiras de advogado e jornalista -trabalhou como correspondente do Jornal do Brasil- e resolve apostar no talento e na sensibilidade artística.Em Recife, a profusão de folguedos vindos de toda as regiões do estado, notadamente no carnaval, onde até hoje os grupos se confraternizam, seria decisiva na solidificação de uma das mais febris personalidades da música brasileira. Inerente a sua obra, o sentido cosmopolita de fazer arte, de forma direta e que refletisse a sua vivência e bagagem cultural de homem nordestino, sua história, seu povo e as novidades da música. A partir daí, o mago de Pernambuco amadurece a idéia de colocar a guitarra, e o teclado nessas vertentes da música da sua região.A atitude em si não é novidade à medida que os tropicalistas já tinham fundido o baião de Luiz Gonzaga com as guitarras. Alceu, entretanto foi mais fundo: pesquisou duplas de emboladores como Beija Flor e Treme Terra, Geraldo Mouzinho e Caximbinho, se embolou com os maracatus de Pernambuco, bebeu na fonte dos aboios mouriscos, dos pífanos, rabecas e pandeiros, cozinhou tudo na panela do rock e o resultado é uma obra atemporal, de qualidade.Em 71, vai para o Rio de Janeiro com o amigo e incentivador Geraldo Azevedo. Começa a participar de festivais universitários, como o da TV Tupi com a faixa Planetário. Nada acontece. Nem uma classificação, pois a orquestra do evento não conseguiu tocar o arranjo da música.

fonte:http://www.facom.ufba.br/pexsites/musicanordestina/alceuva.htm

Banda de Pífanos de Caruaru

No começo dos anos 70 a aparição de duas músicas da Banda de Pífanos de Caruaru na trilha sonora dos filmes "Terra sem Deus " e "Faustão" marcaram a incursão deste gênero na indústria fonográfica brasileira. Até então nenhum grupo de pífanos tinha gravado seus rupestres toques, seja em disco 78 rpm ou LP.
Tendo os irmãos Sebastião e Benedito Biano como arrimo, o grupo é hoje o mais importante no gênero, com apresentações em importantes festivais na Europa. Para entender a tradição da família Biano, o navegador viaja até o ano de 1924, no sertão alagoano, um ano após da prisão de Antônio Silvino, o cangaceiro mais famoso da época.
Nesta data, um caboclo chamado Manoel Clarindo Biano, casado com Dona Maria Pastora da Conceição, cabôca qui nem ele, herdou de seu pai quatro instrumentos: um bombo(tambor afinado a corda.) um prato e dois pífanos de taboca.
Mais do que os instrumentos, entretanto, seu Manuel herdava a obrigação de não deixar morrer a tradicional Zabumba Cabaçal, criada por seu avô, e que seu pai preservava com todo o carinho. Tratou logo de ensinar os antigos toques -muito dos quais aprendidos com os índios- aos filhos Sebastião, de 5 anos, e Benedito, de 11. Recrutou depois o amigo Martinho Grandão pra assumir a caixa e o próprio Manoel se ocupou do bombo.
Seus toques sincopados, ricos em melodia e de atmosfera pastoril ecoavam pelas rifas, casórios, novenas, enterros, missas e o que viesse. A família Biano percorreu quase todo o sertão entre as Alagoas e Pernambuco procurando bons lugares para se instalar. Os instrumentos iam sempre no lombo de algum animal e paravam em qualquer arraial que tivesse feira para descolar uns trocos.
Nessa pisada mambembe foram bater lá na região do agreste pernambucano, em Caruaru, a capital do forró que os consagraria .Chegaram em 15 de julho de 1939, e foram morar em Contendo, nas proximidades da zona urbana. Por lá continuaram com seus shows, já sob o nome de Zabumba dos Contendo.
O ano de 55 registraria a perda do patriarca Manoel Biano. Em suas últimas horas, pediu aos seus dois filhos que honrassem a tradição de seus antepassados e se juntassem aos familiares Luiz, de 9 anos, Amaro, de 10 anos, (filhos de Sebastião) Gilberto, de 15 anos, e João, de 11 anos (filhos de Benedito) e formassem uma nova bandinha, prontamente batizada com o nome de Banda de Pífanos de Caruaru.
Após a saída de Luiz, a banda ficou assim formada: 1º pífano: Sebastião , 2º pífano: Benedito, surdo - Amaro, tarol- Gilberto pratos -José e bombo - João, este último, de 8 anos, substituindo Luiz. Mas as coisas só iam acontecer mesmo após Gilberto Gil em suas andanças e pesquisas tropicalistas "descobrir" a banda e gravar o tema Pipoca Moderna , de Sebastião Biano em parceria com Caetano Veloso. Até então viviam em uma roça próxima a Caruaru, onde subsistiam plantando mandioca e feijão.
Após o resgate, feito em 72, a Banda de Pífanos grava o seu primeiro, LP, intitulado "Banda de Pífano Zabumba Caruaru".
No mesmo ano em que gravam o primeiro disco se transferem para São Paulo, onde foram convidados a soprar seus pífanos em documentários, espetáculos e discos de outros artistas. Benedito era analfabeto e fabricava seus próprios pífanos. Quando tocava em espetáculos sempre dizia : "eles que afinem pelo meu instrumento, porque aqui entre nós é proibido se meter a entender de escala".
No ano
seguinte, continuaram se apresentando em São Paulo e gravaram "Bandinha de Pífano Zabumba Caruaru, VOL 2" , CBS. A inspiração tiravam da vivência sertaneja; o ronco remoente do carro de boi, o canto do bem-te-vi, brigas entre bichos, todos os motivos alegóricos do Nordeste vociferavam pelas suas rupestres flautas.
A origem dos
pífanos remonta aos beduínos orientais e berberes norte -africanos, que legaram aos colonizadores nos 800 anos de dominação na Ibéria este formato, logo copiado por toda Europa.
Até o final da década de 70, se apresentaram na Suíça e pelas capitais brasileiras sendo o destaque do Projeto Pixinguinha, em 74. Só viriam a gravar novamente em 78, pela Continental/Musicolor. Para sobreviver faziam os mais diversos bicos, inclusive camelô.
Influenciariam grupos como Quinteto Violado, Alceu , Valença , Orquestra Armorial e outros. Nunca ficaram ricos e sempre reclamaram que não receberam o justo.
No repertório do grupo, figuravam temas do folclore nordestino -"A briga do cachorro com a onça"- canções próprias,- Bianada na Roça - até temas mais recentes como Feira de Mangaio (de Sivuca e Glorinha Gadelha).
No biênio 79/80 a bandinha assinaria contrato com a Discos Marcus Pereira, selo responsável por um dos melhores documentários em vinil, a série "Música Popular Brasileira", editada em 16 volumes (cada região com quatro volumes) Dois discos foram lançados neste período: "Banda de Pífanos de Caruaru", de 79 e "A Bandinha vai tocar", de 80.
Nos próximos 19 anos a indústria cultural brasileira deixaria o grupo no jejum, restando a eles aparições esporádicas ou vinculadas ao calendário de festas juninas.

fonte:http://www.facom.ufba.br/pexsites/musicanordestina/caruaru.htm